terça-feira, 14 de junho de 2011

ABSTRUSO V

Vive-se hoje num período da história brasileira, tão livre ou livre, quem sabe até certo ponto. O fato é que se pode dizer abertamente qualquer coisa ou algumas pessoas podem dizer o que quiserem outras não. Mas para que tanta redundância? Bem. Às vezes fico pensando como os poetas da ditadura eram brilhantes, tão precisos em dizer sem dizer e se fazer entender nas sutilezas de um verso pueril, penso inclusive se alguns poemas eram realmente de protesto ou se o povo já habituado à clandestinidade é que interpretava tudo subversivamente.
Ainda bem que hoje a constituição nos ampara a todos ou não, como diria Caetano, desde que não utilizemos do anonimato.






 
Não me venha com este sorriso amarelo
Para amolecer meu coração,
Que minhas mãos continuam limpas.
Não me peça para compreender tua traição
Pois no meu carro ainda estão às marcas
Da minha aposta mais ousada.

E se tiveres hombridade,
Não ouse mais me olhar nos olhos
Pra me dizer hipocrisias,
Não creia que sou assim, tão idiota.
Não me procure com propostas obscenas,
Mais indecentes do que filme de secretárias,
Não me venha pedir paciência,
Estou decepcionada demais
Para te perdoar agora.

Arrume suas tralhas,
Chega de negociações vazias
Daqui quatro tempos você vai voltar
Aí serei eu a dizer não,
Aí serei eu fazer justiça,
A não te escolher inda que sejas
A minha única opção.

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