sexta-feira, 22 de julho de 2011

Escrever é Irresistível

Ao escrever
Tenho a impressão que as letras
São pedaços que se arrebatam
Para além de mim,
Tenho a impressão que os sentimentos
Diluem-se pelos meus versos
Até desaparecerem.
Eu me reduzo e me limito
A escassez lexical,
Pela necessidade de definições,
De encontrar partes
Que componham
O meu universo particular.
Procuro respostas, sem encontra-las,
Encontrando-as toda vez,
Inda que seja,
Com suaves variações.
Nada é absoluto,
Única coisa bem resolvida até agora.
Eu escrevo,
Eu continuo a escrever
Por que escrever é irresistível,
É como o porquê que sobra
Sucessivo, a termo de uma resposta,
Escrever é a terapia do esquecimento,
Da exaustão ou do convencer-se
De que algo é o que é mesmo não sendo,
De se enfeitar a realidade às ilusões convenientes.
Diante dos fatos, findo por hora que:
Eu queria ser apenas eu lírico,
Por que escrever é minha desdita
E não queria ficar demasiado exposta,
Eu não queria surgir tão óbvia
No raio-X dos meus poemas.

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