sábado, 29 de outubro de 2011

Poetas de Quinta











Eu não quero perder a forma,
O ritmo
Eu não quero ressuscitar escolas,
Ritos de poesia.
Eu não quebro dogmas
Nem estabeleço paradigmas,
Eu só quero que sejamos livres,
Em verso, em prosa,
Nos versos contados
Das poucas horas
Que nos restam
Para ainda sermos poetas.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Ao Teu Amor

Dizes-me indiretamente
Tudo quando quis sempre ouvir,
Falas-me de sonhos ditosos,
Pormenores delicados
Do tu e eu...
E neste teu mundo
Repletos de lugares que me cabem,
Perfeitamente,
Em que por certo eu seria
A mais feliz,
Como dizer?
Quisera ter o peito aberto,
A alma livre,
Queria mais que tu
Ser tua,
Sem “mas” na frase contígua,
Sem este “porém”, “contudo”, “todavia”,
Feito para nos aniquilar.

sábado, 8 de outubro de 2011

PELA MANHÃ

Eu faço festa
Aqui do lado de fora
Do teu coração,
Rente à porta
Que não me atrevo bater.
Colocasse um só pé
Além entrada,
Tu não imaginavas...
Se eu entrasse
No teu coração,
No instante que é agora
Preferiria não ser eu,
Que fosse outra pessoa
A abrir os olhos pela manhã.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Mania


A mim, não me posso enganar.
Tu me ouves em silêncio
E em silêncio
És meu melhor comparsa...
Tu te demudas
À minha volição
E de preto puro
A lacticínio,
Teu vapor me embriaga
E me revigora
A qualquer hora do dia.
Apenas uma reclamação a protocolar:
“E quando eu precisar ouvir?”

terça-feira, 4 de outubro de 2011

O meu amor é vivo
Em cada termo e no silêncio.
O meu amor é meu,
Não teu,
Não por egoísmo
Mas por viver em mim.
Esse amor que é meu
Eu te dedico
À revelia dos teus anseios
E sem nada cobrar-te,
Amo-te pelos dias
Pelas horas,
Nos devaneios
Do meu tórax,
Desse amor gigantesco
E inexaurível
Que te olha e te diz
Contraditoriamente: “Vai”

Luz

O meu peito está repleto de luz
Eu espelho turvo
E Deus em mim para outro,
Não sou perfeito,
Não mereço,
Mas o meu peito está tomado de luz.
E por caminhos obscuros
Apresso a marcha,
Às trevas que Ele nunca olvida,
Sou instrumento de meu pai,
Daquele que escuta cada sussurro
Cada gemido surdo,
Nos mais longínquos confins.
O meu peito é transbordante de luz,
De uma luz cedida,
Que Ele me permita mantê-la acesa
De agora até o fim da jornada.